quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Elementos de mim

Me faço amor
Me faço guerra
Sou água e fogo
E quero terra
Procuro ar
Respiro mal
Donde sou gente
Sou animal.

Escrito em 22/09/2009.

Creative Commons License
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.

sábado, 12 de setembro de 2009

O sábio desconhecido...


"O corpo é uma grande razão, uma pluralidade dotada de um sentido, uma guerra e uma paz, um rebanho e um pastor. Instrumento de teu corpo é também tua pequena razão, meu irmão, a que chamas 'espírito', um pequeno instrumento e um pequeno joguete de tua grande razão. Instrumentos e joguetes são o sentido e o espírito; por detrás deles está, porém, o si mesmo. Por detrás de teus pensamentos e sentimentos, meu irmão, encontra-se um soberano poderoso, um sábio desconhecido - ele se chama si mesmo. Em teu corpo habita ele, ele é o teu corpo"

Nietzsche em Assim Falou Zaratustra, I. "Dos Desprezadores do Corpo"; em KSA. Vol. 4; p.39

Não sei até que ponto é possível estabelecer relação entre a imagem e o texto. Mas também não estou certa de que seja necessário. Procurando na net imagens que pudessem "ilustrar conceitualmente" (que porra é essa? rssr) o texto, considerei que essa vinha ao encontro do que não necessariamente estava pensando, mas, muito mais, sentindo.
E me fica uma pergunta quando tento explicar - "para ti, para mim" - não seria a razão mais um sentido? Sim, mais um. Um outro sentido que, como aqueles já reconhecidos e considerados enquanto tais, não estaria colocado numa hierarquia, sendo julgada como "o mais importante".
O que nos faz, enquanto seres humanos, insistir em considerar a razão como algo diferente, melhor, mais puro e além dos sentidos?
Meus sentidos são minha razão. E esta, está completamente embriagada de sentidos. Todos aqueles sentidos possíveis e passíveis. Possíveis de amores, rancores, odores, afetos de todos os tipos. Passíveis de erro, de acerto, de enxertos, de tortos e direitos.
Essa reflexão continua. E, como a vida, é possível que evolua. Não, obviamente, no sentido progressivo. Sim, possivelmente, no caminho qualitativo. E não garantidamente melhor, mas sim, muito provavelmente, diferente.


Creative Commons License
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

E no mar, um novo amor...

Há muito que ouvia falar dele. Algumas amigas já insinuavam que gostaria de conhecê-lo.
Algumas vezes o vi circulando e confesso que me despertava curiosidade.
Mas foi em frente ao mar que o conheci.
Estava no Leme, refletindo coisas, apreciando o encontro do horizonte com o oceano. A noite vinha chegando, quando uma amiga mostrou ele a mim. Não resisti àquela possibilidade que se me apresentou e o trouxe para casa.
Passei três dias o devorando e fazia tempo que não ria e chorava quase que simultâneamente, embriagada em suas palavras. Naveguei. Em mim mesma, nele, em suas imagens...
E meu desejo de tornar profunda esta relação a cada dia se põe mais forte.
Estou certa de que a energia vinda do mar provoucou esse encontro.
E certa também de que "Mar me quer" abre as portas de um novo mundo de possibilidades.
Mia Couto. Um novo amor que se apresenta.

Algumas gotinhas de Mia Couto, em "Mar me quer"...

"Sou feliz só por preguiça. A infelicidade dá uma trabalheira pior que doença: é preciso entrar e sair dela, afastar os que nos querem consolar, aceitar pesâmes por uma porção de alma que nem chegou a falecer."

"(...) Pensar traz muita pedra e pouco caminho."

"Eu entendo: uma boa maneira de esconder a tristeza é cobrirmo-nos de carne. O sofrimento é fatal quando atinge os ossos. Chegada aí, a tristeza se apressa em virar esqueleto. Sábio é dar cobertura ao corpo, intermediar gordurosas fronteiras."

"O mar tem um defeito: nunca seca. Quase prefiro o pequenito lago da minha aldeia que é muito secável e a gente sente por ele o mesmo que por criatura vivente, sempre em risco de terminar."

Creative Commons License
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.